Líderes
das principais potências europeias defenderam uma saída diplomática para a
crise provocada pelos ataques aéreos de Israel contra o Irã. Britânicos,
alemães e franceses defenderam uma desescalada no conflito. A Rússia, principal
aliada de Teerã se ofereceu como mediadora.
O
presidente russo, Vladimir Putin, condenou a série de bombardeios, segundo
informou o Kremlin, após o mandatário conversar por telefone separadamente com
o homólogo iraniano, Masud Pezeshkian, e com o primeiro-ministro israelense,
Benjamin Netanyahu.
“Vladimir
Putin ressaltou que a Rússia condena as ações de Israel, que violam a Carta das
Nações Unidas e o direito internacional”, declarou o Kremlin em um comunicado,
no qual acrescentou que o presidente da Rússia expressou a Netanyahu “sua
disposição para mediar” a fim de evitar uma escalada maior do conflito.
Ao
jornal The Guardian, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse
que o governo pediu a “todas as partes que recuem e reduzam as tensões com
urgência”.
“A
escalada não serve a ninguém na região. A estabilidade no Oriente Médio deve
ser a prioridade e estamos envolvendo os parceiros com esse fim. Agora é a hora
de moderação, calma e retorno à diplomacia”, falou Starmer.
O
presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a França “reafirma o direito de
Israel de se defender e garantir sua segurança” e que o país condenou
“repetidamente” o programa nuclear iraniano em andamento, tomando medidas
diplomáticas apropriadas em resposta. Os comentários foram realizados em
publicação no X, nesta sexta-feira, 13.
“Para
evitar colocar em risco a estabilidade de toda a região, apelo a todas as
partes para que exerçam a máxima contenção e reduzam a tensão”, afirmou na
postagem, que também menciona os esforços para proteger os cidadãos franceses,
bem como as missões diplomáticas e militares da França na região. “A França
está pronta para trabalhar com todos os seus parceiros para pressionar pela
redução da tensão no Oriente Médio”, acrescenta.
Ainda
hoje, em coletiva de imprensa, Macron pontuou que, “se Israel fosse atacado em
retaliação pelo Irã, a França, se estivesse em condições de o fazer,
participaria em operações de proteção e defesa”.
O
chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, pediu a ambas as partes que “se
abstenham de tomar medidas que possam levar a uma nova escalada e
desestabilizar toda a região” e disse que a Alemanha está pronta a “intervir
junto das partes em conflito com todos os meios diplomáticos à sua disposição”.
O
Japão, por sua vez, condenou “veementemente” os ataques aéreos de Israel contra
o Irã. “A paz e a estabilidade na região do Oriente Médio são extremamente
importantes para o Japão, e pedimos a todas as partes envolvidas que acalmem a
situação”, disse o ministro das Relações Exteriores, Takeshi Iwaya, a
repórteres em Tóquio.
O
presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a Europa tem um
peso geopolítico reduzido por falta de capacidade militar, e lamentou que os
líderes europeus não tenham sido informados previamente da ofensiva israelita.
“O
problema é que a Europa precisa de mais peso militar, para poder aumentar o seu
peso geopolítico. O Sr. Netanyahu comunicou ao Presidente Trump que ia atacar.
Não foi para nenhum dos líderes da Europa”, falou Rabelo.
Israel
mirou alvos nucleares
Israel
bombardeou diversos alvos no Irã, no que chamou de “ataques preventivos” em
meio ao acirramento das tensões no Oriente Médio.
Os
ataques começaram na noite de quinta-feira, 12 (horário do Brasil), e
continuaram nesta sexta-feira, 13. Foi uma grande operação contra a alta cúpula
do país persa e o programa nuclear do Irã.
Israel
atacou a principal instalação de enriquecimento nuclear do Irã em Natanz,
atingindo um complexo subterrâneo que abrigava centrífugas.
Tel-Aviv
também atacou pelo menos seis bases militares ao redor da capital, Teerã,
residências em dois complexos de alta segurança para comandantes militares e
vários prédios residenciais ao redor de Teerã, de acordo com informações do The
New York Times.
Morte
de líderes militares e cientistas iranianos
Os
ataques mataram três dos principais líderes da Guarda Revolucionária do Irã e
cientistas ligados ao programa nuclear da teocracia.
O
major general Mohammad Bagheri, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas e o
segundo comandante mais alto do Irã depois do líder supremo aiatolá Ali
Khamenei, foi morto no bombardeio. Bagheri se destacou na Guarda Revolucionária
durante a guerra Irã-Iraque e foi nomeado chefe do Estado-Maior em 2016. Este é
o cargo militar mais alto do país.
O
general Hossein Salami também foi morto durante a madrugada. Ele se destacou na
guerra Irã-Iraque e se tornou vice-comandante militar em 2009. Dez anos depois,
ele foi anunciado como chefe da Guarda Revolucionária do Irã e desempenhou um
papel fundamental na política externa do Irã. Salami havia sido sancionado pela
ONU e pelos EUA por seu envolvimento nos programas nuclear e militar do Irã.
Outros
dois militares foram mortos por Israel. O general Gholamali Rashid,
comandante-chefe adjunto das Forças Armadas, e o general Amir Ali Hajizadeh,
chefe do programa de mísseis da Guarda Revolucionária do Irã.
Segundo
a agência iraniana Tasnim, Israel matou seis cientistas iranianos.
Entre
eles estão Fereydoun Abbasi, ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã,
e Mohammad Mehdi Tehranchi, físico teórico e presidente da Universidade
Islâmica Azad em Teerã.
Retaliação
do Irã
Nesta
sexta, o Irã iniciou sua primeira onda de retaliação, lançando mais de 100
drones em direção a Israel, de acordo com o Brigadeiro-General Effie Defrin,
principal porta-voz do exército israelense.
Mais
tarde, o Irã passou a lançar mísseis. Alguns desses mísseis foram interceptados
pelo sistema de defesa aérea israelense. Ao menos um deles foi destruído
enquanto sobrevoava a cidade sagrada de Jerusalém.
Segundo
o Exército de Israel, os sistemas de defesa estavam trabalhando para
interceptar a ameaça. O Exército também orientou a população a entrar nas áreas
protegidas e permanecer lá até novo aviso.
EUA
mandam navios de guerra para a região
Os
Estados Unidos anunciaram o envio de navios de guerra e outros recursos
militares americanos no Oriente Médio para ajudar a proteger Israel da
retaliação iraniana.
O
contratorpedeiro USS Thomas Hudner recebeu ordens para se deslocar para a costa
oriental do Mediterrâneo, e um segundo contratorpedeiro deverá segui-lo. A
Força Aérea também enviará mais caças para a região.
(Com
Estadão Conteúdo)