O Sistema Único de Saúde (SUS)
ampliou as possibilidades de tratamento da endometriose ao incorporar duas
novas terapias hormonais: o DIU com levonogestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. As
tecnologias foram recomendadas pela Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (Conitec) e anunciadas pelo Ministério da Saúde como
alternativas que poderão melhorar a qualidade de vida das pacientes.
O DIU-LNG atua suprimindo o
crescimento do tecido endometrial fora do útero e poderá ser especialmente útil
para mulheres que têm contraindicação ao uso de anticoncepcionais orais
combinados. Com validade de até cinco anos, o método oferece praticidade e maior
adesão ao tratamento. Já o desogestrel, um anticoncepcional de uso oral, será
utilizado como primeira linha de intervenção, inclusive antes da confirmação
diagnóstica por exames, com potencial para reduzir a dor e impedir a progressão
da doença.
Para que as duas tecnologias
estejam plenamente disponíveis na rede pública, será necessário atualizar o
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose, uma das
etapas formais exigidas pelo SUS.
Caracterizada como uma doença
ginecológica inflamatória e crônica, a endometriose atinge cerca de 10% das
mulheres e meninas em idade reprodutiva no mundo, segundo a Organização Mundial
da Saúde, o que representa mais de 190 milhões de pessoas. O quadro se forma
quando o tecido semelhante ao que reveste o útero cresce em outros órgãos da
pelve, como ovários, bexiga e intestino, provocando sintomas como cólicas
intensas, dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais e até
infertilidade.
No Brasil, os atendimentos
relacionados à endometriose vêm crescendo significativamente. De 2022 a 2024, a
atenção primária registrou um aumento de 30% nos atendimentos, passando de
115,1 mil para 144,9 mil. Já na atenção especializada, o crescimento foi ainda
mais expressivo: 70% de aumento no mesmo período, com mais de 53 mil
atendimentos registrados neste ano. As internações também subiram, com alta de
32% entre 2022 e 2024.
Com a chegada dos novos
tratamentos, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com a ampliação do
acesso a terapias eficazes para uma condição que impacta profundamente a saúde
física e emocional das mulheres. A expectativa é que as novas opções contribuam
para reduzir o sofrimento e melhorar o controle da doença no país.