Um
estudo do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), publicado
em julho no Jornal de Pediatria, registrou os impactos relacionados à técnica
de deixar os bebês prematuros descansando em redes durante a internação. A
produção aponta o auxílio no ganho de peso dos recém-nascidos.
Com o
intuito de encontrar novos métodos para a elevação de peso dos prematuros
internados, os pesquisadores observaram que a rede de dormir, usada nos
domicílios, era capaz de induzir o sono e o relaxamento com rapidez. A partir
da constatação, decidiram estudar o objeto no contexto hospitalar.
“O
estudo foi realizado em prematuros internados em UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) ou unidades neonatais, que estão submetidos a grande quantidade de
estresse inerentes à sua condição clínica”, relata um dos autores do estudo, o
pediatra Francisco Plácido Arcanjo, professor do campus da UFC em Sobral.
O
ensaio clínico acompanhou 60 bebês, divididos em quatro grupos de 15, no
Hospital Santa Casa de Misericórdia, no interior cearense, de julho de 2022 a
outubro de 2023. No primeiro, os prematuros foram submetidos ao posicionamento
de rede, enquanto a técnica de hidroterapia foi aplicada no segundo grupo.
A
combinação dos dois métodos foi realizada em um terceiro grupo. No quarto,
terapias complementares não foram usadas, deixando os bebês aos cuidados das
equipes profissionais de plantão.
Os
resultados indicaram que a união entre a hidroterapia e o posicionamento de
rede levou a um aumento significativo em relação ao ganho de peso dos
prematuros. A técnica com o uso isolado da rede também apresentou efeitos
positivos.
O
professor aponta uma “diminuição significativa” nos escores que avaliam a dor
em prematuros, se comparado ao grupo controle que não utilizou a ‘redeterapia’
e hidroterapia. “Isso foi muito importante e será objeto de outra publicação”,
acrescenta.
Efeito
das redes de dormir no ganho de peso dos prematuros: entenda pesquisa da UFC
O
formato côncavo da rede de dormir replica parcialmente o posicionamento adotado
pelo bebê no útero. Considerando o sistema de termorregulação corporal
incompleto dos prematuros, os pesquisadores utilizaram redes com tecido de
algodão, que apresenta pouca dissipação do calor corporal.
Durante
o acompanhamento de 15 dias, o grupo rede e o grupo hidroterapia e rede
combinados apresentaram ganhos de peso significativos. A ‘redeterapia’ indicou
um aumento de 360 g, e o grupo combinado (rede e hidroterapia), um ganho de 616
g. No caso dos recém-nascidos, a técnica da hidroterapia consistiu na imersão
em um recipiente com água aquecida a 37 ºC por 15 minutos. Envoltos em uma
toalha de algodão, os bebês ficaram sentados, com a cabeça para fora da água.
(O
Povo)