Seis dos oito réus acusados de envolvimento
no assalto a agências bancárias no município de Milagres, no interior do Ceará,
foram condenados pela Justiça. O crime, ocorrido em dezembro de 2018, terminou
com a morte de 14 pessoas, entre elas seis reféns. As penas aplicadas aos
condenados variam de 282 a 424 anos de prisão.
Os condenados são: Elivan de Jesus da Luz,
Geronilma Serafim da Silva, Jaime Pereira Nogueira, Denilson Moreira da Silva,
Girlan Araújo Santos e Robson José dos Santos. Cinco deles foram sentenciados
por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e latrocínio (roubo seguido
de morte), com penas multiplicadas pelos 14 óbitos. Robson José, além desses
crimes, também foi condenado por sequestro.
Outros dois acusados, Cícero Rozeli da Silva
Caldas e Everaldo Moreira da Silva, foram absolvidos.
Relembre o caso
Na madrugada do dia 7 de dezembro de 2018,
uma tentativa de assalto a duas agências bancárias em Milagres terminou em
tragédia. Houve confronto entre os criminosos e a Polícia Militar, resultando
em 14 mortes — sendo seis vítimas civis feitas reféns e outras oito pessoas que
teriam participado diretamente da ação.
Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE),
parte dos reféns foi morta por disparos feitos por policiais durante a ação de
resgate. A denúncia aponta que cinco civis foram deixados no local pelos
criminosos após o roubo e acabaram sendo atingidos pelos agentes. Além disso, o
MP sustenta que dois suspeitos foram executados mesmo após se renderem, e que
houve tentativa de adulteração da cena do crime, com a remoção de corpos e o
apagamento de imagens de câmeras de segurança.
Em maio de 2019, o MPCE denunciou 19
policiais militares e o então vice-prefeito de Milagres, Abraão Sampaio de
Lacerda. Quinze agentes foram acusados de homicídio qualificado, e os demais,
de fraude processual.
Policiais irão a
julgamento
A decisão judicial mais recente, de março de
2024, determinou que 11 policiais vão a julgamento pelos homicídios de cinco
reféns e dois assaltantes. Outros dois agentes serão julgados por tentativa de
adulteração da cena do crime.
Entre os acusados por homicídio qualificado
estão os PMs José Azevedo Costa Neto, Edson Nascimento do Carmo, Paulo Roberto
Silva dos Anjos, Leandro Vidal dos Santos e Fabrício de Lima Silva. Já os
policiais Abraão Sampaio de Lacerda (ex-vice-prefeito) e Georges Aubert dos
Santos Freitas responderão por ocultação de cadáver e fraude processual.
O caso, que teve grande repercussão nacional,
segue com desdobramentos na Justiça e ainda aguarda o julgamento dos agentes de
segurança envolvidos na operação.
(Werner Júnior / ANC)