Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde aponta queda na mortalidade e destaca avanço na vacinação e
oferta de tratamento no SUS. Nova ferramenta orienta gestores para busca ativa.
No mês de
conscientização sobre as hepatites virais, o Ministério da Saúde lança a
campanha “Um teste pode mudar tudo” para conscientizar sobre a
importância do diagnóstico precoce e tratamento. Segundo o novo Boletim Epidemiológico de
Hepatites Virais, o Ceará reduziu
em 27,8% os óbitos por hepatite C entre 2014 e 2024,
saindo de 18 para 13 mortes.
Já os óbitos por hepatite B caíram 25% no mesmo período. Apesar
da expressiva redução na mortalidade, os dados indicam a necessidade de ampliar
a testagem e a adesão ao tratamento, especialmente nos casos de hepatite B.
“O Brasil
conta com o maior e mais abrangente sistema público de vacinação, que
garante a oferta de terapias e testagem. Desde a implementação dos testes
rápidos no SUS, avançamos no enfrentamento das hepatites virais. É
importante reforçar: temos vacinas, testes e orientações claras disponíveis
sobre o enfrentamento das hepatites. Por isso, quero chamar a atenção da
população para a importância do diagnóstico precoce", destacou o ministro
da Saúde, Alexandre Padilha.
Entre
2014 e 2024, o Brasil reduziu em 50% os óbitos por hepatite B – que registrou
coeficiente de mortalidade de 0,1 óbito por 100 mil habitantes. Em relação a
hepatite C, a queda foi de 60% no período, com coeficiente de 0,4 óbito por 100
mil habitantes. O avanço aproxima o país da meta da Organização Mundial da
Saúde (OMS), que prevê uma redução de 65% nas mortes por hepatites B e C até
2030.
Entre
crianças menores de 10 anos, a redução nos casos de hepatite A foi de
99,9% no período. Houve também redução da transmissão vertical de hepatite B:
55% de queda na detecção em gestantes e 38% de queda nos casos em menores de
cinco anos. Em 2024, o Brasil registrou 11.166 casos de hepatite B e 19.343
casos de hepatite C.
Para a
secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Mariângela
Simão, o Brasil está no caminho certo para eliminação das hepatites. “Os dados
do boletim, do painel e a campanha lançada hoje mostram que é possível avançar
mais no enfrentamento das hepatites. A hepatite B ainda não tem cura, mas pode
ser controlada com a vacina, que é segura, eficaz e ofertada gratuitamente pelo
SUS. As vacinas no Brasil são certificadas pela Anvisa e têm eficácia
comprovada por estudos”, declarou.
Painel
inédito permite busca ativa e acompanhamento da adesão ao tratamento
De forma
inédita, o Ministério da Saúde apresenta uma plataforma de monitoramento que permite identificar, por
estado e município, quantas pessoas foram diagnosticadas com hepatites B e C,
quantas iniciaram o tratamento e qual o tempo médio desse cuidado. O modelo é
inspirado na estratégia histórica de combate ao HIV no Brasil.
Dados
consolidados de 2024 indicam que 115,3 mil pessoas foram indicadas para
tratamento contra a hepatite B. Dessas, 58,8 mil iniciaram o tratamento e 14,8
mil o interromperam. É importante destacar que nem todas as pessoas
diagnosticadas têm indicação para iniciar o tratamento. No Ceará, 1.301 pessoas receberam indicação para
tratamento da hepatite B, e 542 iniciaram o acompanhamento.
Em
relação à hepatite C, 12,5 mil pessoas receberam indicação para tratamento, e
9,1 mil já iniciaram o cuidado. No Ceará, 211 pessoas tiveram indicação para o
tratamento e 119 foram tratadas.
Com a
nova plataforma, o Ministério da Saúde busca dobrar o número de pessoas
atualmente em tratamento para hepatite B, alinhado à meta da Organização
Mundial da Saúde (OMS), que prevê alcançar 80% de cobertura. Além disso, ao
permitir o monitoramento do cumprimento de metas, a ferramenta ajudará gestores
a planejarem estratégias de cuidado adaptadas às realidades regionais. A
expectativa é superar os desafios da baixa procura por tratamento e ampliar o
acesso em tempo oportuno em todo o país.
Campanha
incentiva testagem para diagnóstico precoce e início do tratamento
A
campanha publicitária nacional com o tema “Um teste pode mudar tudo” busca conscientizar e alertar
a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do
tratamento.
A
testagem é gratuita no SUS e pode ser feita por meio de testes rápidos ou
laboratoriais, conforme indicação. A busca pelo diagnóstico deve feita ao menos
uma vez por pessoas com mais de 20 anos. Os testes são gratuitos e estão
disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Para
tratamento da hepatite B, estão disponíveis os medicamentos: alfapeginterferona, o tenofovir desoproxila (TDF),
o entecavir e o tenofovir alafenamida (TAF). Já o
tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta
(DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95%.
A
vacinação contina sendo a principal forma de prevenção. A vacina contra a
hepatite A é aplicada em dose única aos 15 meses de idade. Para pessoas acima
de 1 ano com condições clínicas especiais, está disponível nos Centros de
Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), em esquema de duas doses.
Já a
vacina contra a hepatite B segue o esquema de quatro doses: uma ao nascer
(vacina hepatite B isolada) e outras aos 2, 4 e 6 meses (vacina pentavalente).
Para adultos não vacinados, são recomendadas três doses.
Além da
vacinação, o Ministério da Saúde reforça medidas complementares de prevenção,
como o uso de preservativos, higienização das mãos e o não compartilhamento de
objetos que possam ter contato com sangue. O SUS oferece gratuitamente vacinas,
testes rápidos e preservativos em todo o país.
SUS
amplia vacinação contra hepatite A em 2025
Com a
inclusão da vacina contra hepatite A no SUS em 2014, o número de casos da
doença teve uma queda contínua no país todo, passando 6.261 casos em 2013 para
437, em 2021 – ou seja, 93% a menos considerando todas as faixas etárias.
Com a
aplicação de doses em meninos e meninas a partir de 12 meses de idade e menores
de 5 anos, a incidência da doença caiu bastante entre as crianças. No
comparativo de 2013 a 2023, os registros diminuíram 97,3%, entre menores de 5
anos, e 99,1%, na faixa etária de 5 a 9 anos.
Além
disso, foi lançado o Guia de Eliminação das Hepatites Virais, que orienta
estados e municípios sobre ações de prevenção e eliminação da doença e prevê a
concessão de selos de reconhecimento. Até o momento, 18 municípios já foram
certificados, nas categorias Ouro, Prata e Bronze, conforme critérios técnicos.
(Ministério da Saúde)