Postagens
nas redes sociais e participações por videochamada durante manifestações contra
o Supremo Tribunal Federal (STF) influenciaram diretamente na decisão que levou
à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi determinada
na noite desta segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do
caso no STF.
Segundo
a decisão, Bolsonaro descumpriu medidas cautelares ao aparecer, mesmo que
remotamente, em atos públicos realizados em diferentes capitais do país. Uma
das principais evidências foi um vídeo publicado pelo senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ), filho do ex-presidente, em que Bolsonaro aparece discursando e usando
tornozeleira eletrônica. A publicação foi posteriormente apagada.
“Boa
tarde Copacabana, boa tarde meu Brasil, um abraço a todos. É pela nossa
liberdade, estamos juntos. Obrigado a todos, é pela nossa liberdade, pelo nosso
futuro, pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos! Valeu!”, disse Bolsonaro no
vídeo postado pelo filho, que foi incluído como prova no processo.
De
acordo com o despacho de Moraes, a exclusão do vídeo por Flávio Bolsonaro
evidencia a tentativa de esconder a violação das restrições impostas ao
ex-presidente. “Foi noticiado que o Senador apagou a postagem em um claro
intuito de omitir o descumprimento das medidas cautelares praticado por seu
pai”, aponta a decisão de 25 páginas.
Além
do Rio de Janeiro, Bolsonaro participou por videochamada de manifestações em
Fortaleza, Belo Horizonte e Salvador. Na capital cearense, o deputado federal
André Fernandes (PL) mostrou a imagem do ex-presidente ao público reunido na
Praça Portugal. A multidão permaneceu em silêncio durante a transmissão.
Já
na Avenida Paulista, em São Paulo, o deputado federal Nikolas Ferreira afirmou
que “Bolsonaro não pode falar, mas pode ver”, enquanto exibia o rosto do
ex-presidente ao público. “É sua forma, mesmo estando preso dentro de casa”,
completou, em tom de desafio ao STF.
As
participações remotas de Bolsonaro em atos que atacavam diretamente a Corte
foram consideradas afronta às determinações judiciais e fundamentaram o pedido
de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, que permanece em
vigor.
(GCMAIS)