Trump deixa Brasil de fora de negociações e fecha acordos com UE, Japão e China

A menos de uma semana do fim do prazo dado pelo governo dos Estados Unidos para renegociar as tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump, o Brasil segue sem avanços nas conversas com Washington e está cada vez mais próximo de ser atingido em cheio pelo chamado “tarifaço”. O país foi o mais penalizado pelas medidas, com a imposição de 50% de sobretaxa sobre todas as exportações brasileiras para o mercado norte-americano.

Enquanto outras nações, como União Europeia, Japão, Reino Unido e até mesmo Indonésia e Vietnã, conseguiram acordos comerciais com os EUA, o Brasil segue isolado. Neste domingo, Trump formalizou em Edimburgo, após reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um amplo pacto com os europeus que prevê investimentos bilionários em território norte-americano e uma nova estrutura tarifária, reduzindo impostos sobre setores como automotivo, farmacêutico, aeroespacial e agrícola.

O acordo com a UE se junta a outros fechados recentemente. Com o Japão, os EUA acertaram a redução de tarifas de 25% para 15% e garantiram investimentos de US$ 550 bilhões. O Reino Unido também conseguiu preservar benefícios para setores como o automotivo e o aeroespacial. Já a China obteve uma trégua temporária em sua guerra comercial com Washington, com suspensão mútua de tarifas por 90 dias. Filipinas, Indonésia e Vietnã também fecharam acordos com taxações bem abaixo das inicialmente previstas.

No caso brasileiro, além da sobretaxa generalizada, os EUA abriram uma investigação comercial contra o país, citando práticas consideradas desleais, especialmente relacionadas ao setor digital. O movimento, segundo especialistas, tem mais contornos políticos do que econômicos. Apesar de manter déficit na balança com os EUA, o Brasil tem enfrentado resistência por parte do governo Trump em manter canais técnicos de negociação, especialmente após o fim do mandato de Jair Bolsonaro, ex-aliado do republicano.

O prazo para que países ajustem seus termos comerciais com os EUA termina na próxima sexta-feira, 1º de agosto. O secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, já avisou que não haverá nova prorrogação. Caso o Brasil não consiga costurar um acordo até lá, as exportações nacionais poderão ser duramente afetadas, com impactos diretos sobre o setor produtivo.

A ausência de uma estratégia eficaz de diálogo com Washington deixa o país em posição frágil, justamente em um momento em que outros governos têm conseguido manter ou até melhorar suas condições de acesso ao maior mercado do planeta. O tarifaço, ao que tudo indica, está cada vez mais próximo de se concretizar.

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