Uma operação da
Polícia Civil de Mato Grosso revelou, nesta terça-feira (24), mais um capítulo
de um esquema ousado que atingia diretamente os bastidores da elite do futebol
brasileiro. Na segunda fase da Operação “Falso 9”, os agentes apreenderam R$
700 mil em espécie, escondidos em uma caixa de papelão em uma residência no
bairro São Sebastião, região metropolitana de Cuiabá. O dinheiro, segundo as
autoridades, faz parte de um sofisticado esquema de fraude que usava nomes de
atletas da Série Apara desviar salários.
O imóvel, de
acordo com a Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes, era
utilizado como base para movimentações financeiras ilícitas. Além do dinheiro,
foram recolhidos documentos e equipamentos eletrônicos, que podem trazer novos
elementos às investigações. O morador da casa, um homem de 28 anos, foi alvo de
mandado de prisão e também de busca e apreensão. A suspeita é de que ele seja
uma peça-chave na engrenagem que, desde 2024, operava com documentos
falsificados em nome de jogadores como Gabigol e Kannemann.
As fraudes
consistiam em abrir contas bancárias com dados falsos dos atletas e,
posteriormente, solicitar a portabilidade dos salários. Quando os clubes
realizavam os pagamentos, os valores eram desviados para contas controladas
pelos criminosos. Só da conta em nome de Gabigol, mais de R$ 800 mil foram
furtados. O zagueiro Kannemann também teve prejuízo de aproximadamente R$ 400
mil, mas conseguiu reaver o montante. Já o atacante do Cruzeiro não se
manifestou publicamente sobre o caso até o momento.
MAIS DETALHES
A operação
ganhou corpo após a instituição financeira envolvida detectar movimentações
suspeitas e acionar as autoridades. Desde então, pelo menos cinco suspeitos
foram identificados como parte do grupo, e a polícia trabalha com a hipótese de
ramificações do esquema em outros estados. Já foram localizados beneficiários
em Cuiabá, Porto Velho e outras regiões, incluindo pessoas físicas e jurídicas
que receberam, juntas, mais de R$ 287 mil. A investigação apura agora se o
dinheiro servia para financiamento de outras atividades criminosas.
Mesmo com a
apreensão expressiva de dinheiro em Mato Grosso, a Polícia Civil reforça que a
atuação da quadrilha é de escala nacional e novas diligências estão previstas.
O caso expõe brechas em sistemas de segurança bancária e acende o alerta para o
uso indevido de dados de figuras públicas. A rápida ação da instituição
financeira e a devolução parcial dos valores trazem algum alívio às vítimas,
mas também evidenciam a complexidade do esquema e os desafios para conter
crimes digitais no cenário esportivo.
(Agência
Futebol Interior)