O mercado financeiro começou a semana como terminou a anterior –
com volatilidade das Bolsas ao redor do mundo e fortalecimento do dólar, em
meio à ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor
tarifas de importação ainda mais altas sobre produtos chineses. A reação de
Trump veio depois da decisão da China de retaliar o tarifaço anunciado na
última quarta-feira, 2.
Como efeito da investida de Trump, o dólar no Brasil registrou
alta de 1,30%, a R$ 5,91 – maior valor desde 28 de fevereiro. Ao longo do dia,
a moeda chegou a bater em R$ 5,93. Em relação a uma cesta de moedas fortes, o
dólar só perdeu valor para o franco suíço, visto como um porto seguro por
investidores.
Na Bolsa, o Ibovespa, principal referência no Brasil, voltou a
cair – desta vez, 1,31%, aos 125,5 mil pontos. Segundo operadores, os negócios
também foram afetados pelo desempenho das ações da Petrobras (com quedas de
3,97%, para os papéis PN, e 5,57% para os ON), em reação à pressão do ministro
de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para reduzir o preço dos combustíveis.
No exterior, o mercado acionário também foi impactado, em especial
na Ásia e na Europa. No Japão, o índice Nikkei tombou 7,83%, acumulando
desvalorização de 23% desde a máxima alcançada em dezembro. Em Milão, o recuo
foi de 5,18% e, em Londres, de 4,38%. Já as Bolsas americanas até reagiram ao
longo desta segunda, 7, no rastro de informação (depois desmentida pela Casa
Branca) de que Trump daria mais 90 dias para a entrada em vigor das tarifas.
Dow Jones caiu 0,91%, enquanto a Nasdaq subiu 0,10%.
Na semana passada, Trump anunciou taxa linear de 10% para todos os
países que exportam aos EUA (válida para o Brasil) e outra, maior, que vai a
34% no caso da China. O governo chinês retaliou os EUA com o mesmo porcentual,
o que levou o presidente americano a fazer uma ameaça de que dobraria a aposta:
“Se a China não retirar seu aumento de 34% (…) até amanhã (terça), 8 de abril
de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais de 50% à China, a partir
de 9 de abril”, escreveu ele, na Truth Social. Considerando o total de tarifas
já anunciadas, a sobretaxa imposta à China iria a 104%.
Apesar de dirigentes do bloco reiterarem a disposição de
negociação, a Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, propôs
ontem a adoção de tarifas sobre uma série de produtos dos EUA, ainda em
resposta às medidas adotadas por Trump contra o aço e o alumínio. A lista final
e os níveis de tarifas, segundo a instituição, serão colocados em votação
amanhã.
Em entrevista no fim do dia na Casa Branca, Trump não só rechaçou
a hipótese de recuar de sua estratégia no curto prazo como também indicou que
parte das medidas poderia se tornar permanente. “As tarifas podem ser
permanentes ou submetidas à negociação”, disse ele, ressaltando que só aceitará
acordos “justos”.
(Informações são do jornal O Estado de S. Paulo)