O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “abominável” a
emissão de um visto dos Estados Unidos com identificação de gênero masculino
para a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A parlamentar, que é uma mulher
trans, havia recebido um visto anterior em 2023 no qual constava o gênero
feminino.
No
entanto, recentemente, o visto parlamentar emitido para ela a classificou pelo
gênero masculino. A deputada afirmou que denunciaria o presidente
norte-americano Donald Trump à Organização das Nações Unidas (ONU) por
supostamente ter cometido um ato de transfobia e desrespeito aos registros
civis brasileiros.
“O
que aconteceu com você com você, Erika, na minha opinião, é abominável. É
importante que as deputadas que estão aqui se lembrem que vocês poderiam chegar
na casa do deputado, fazerem um oficio de todas as deputadas e mandar para o
Parlamento americano dizendo da inconformidade de vocês pela ingerência da
embaixada americana no documento de uma deputada brasileira”, disse Lula nesta
quinta (24) em um ato de sanção de projetos de lei no Palácio do Planalto.
Ainda
durante cerimônia, Lula pediu que o Congresso reaja formalmente ao legislativo
dos Estados Unidos sobre o visto. De acordo com ele, cabe ao Brasil e não a
autoridades estrangeiras definir a identidade de seus cidadãos.
“Quem
tem o direito de discutir o que essa mulher é, é o Brasil. E ela, sobretudo. É
a ciência, não é um decreto do Trump. Então é importante que vocês aprendam a
ficar inquietas também, tem que ter um protesto da Câmara dos Deputados
brasileiros aos americanos, tem que ter uma carta ao Senado americano”,
afirmou.
Antes
do encontro com o presidente, Erika Hilton se reuniu com o ministro Mauro
Vieira, das Relações Exteriores, para tratar da situação. Ela avaliou o
encontro como frustrante.
“Não
houve uma resposta do Itamaraty, a começar por ai. A reunião foi um pouco
aquém. Eu esperava que tivesse um espaço para uma saída mais contundente, que o
ministro mostrasse sua indignação, mas alguma ação diante da indignação”,
relatou a jornalistas.
(Gazeta
do Povo)